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Afrânio Luis Ricci Lopes

Foi com grande alegria e surpresa que recebi o email-convite do CCBEU, para escrever este depoimento. Como tenho 48 anos e o CCBEU está comemorando 35, acho que fui aluno de uma das primeiras turmas. E gostaria de mostrar como os anos que estudei lá influenciaram na minha vida. Ao terminar o colegial, fiz Engenharia Mecânica na FEI – Faculdade de Engenharia Industrial (hoje a sigla quer dizer outra coisa, mas em 1981 era assim) de São Bernardo do Campo. Ao me formar fui trabalhar na Zanini Equipamentos Pesados, em Sertãozinho, a terra do açúcar e álcool. Nos primeiros anos eu tinha pouco contato com a língua inglesa, mas em 1994 – ainda no século passado!! – várias pessoas saíram da empresa e algum dos engenheiros precisava ser o elo entre a Zanini e os fornecedores de tecnologia para nossos produtos – a empresa canadense Foster Wheeler. O fato de ter uma boa base de inglês foi fundamental para minha carreira profissional daí em diante. No começo por fax, depois por email, e aos poucos perdendo medo de falar com eles por telefone. Até que um dia tive que viajar para o Canadá. Fui com um diretor, mas ele voltou antes e eu tive que me virar. Deu certo, e um dia ao descer de um táxi o motorista disse que eu falava inglês bem! E aproveito para confirmar uma coisa que ouvia já antes de ir: depois de uma semana sozinho, sem ninguém para falar português, a evolução foi tremenda. Quando numa manhã acordei lembrando que tinha sonhado em inglês, fiquei realizado. A partir daí até consegui a coisa mais difícil: entender que o que o garçom fala é igual ao que está escrito no cardápio. A diferença é que o que eu lia em 5 minutos no cardápio, o garçom me explicava em 5 segundos!
Depois dessa viagem, já enchi vários passaportes com carimbos do Irã, Japão, Alemanha, França, Holanda, Lichstentein, EUA, Inglaterra, além de vários países de língua espanhola. E tenho a sensação que em qualquer lugar do mundo dá pra ser virar. Com uma boa base – hoje além de inglês é bom saber espanhol, chinês (aqui vai uma sugestão para a Walkíria) – e vontade de escutar e respeitar as pessoas, e aprender a cultura de cada lugar, a gente descobre como as pessoas do mundo inteiro são semelhantes. E fica mais difícil entender porque tanta gente quer fazer guerra. É, entre outros motivos mais óbvios, porque não aprenderam a língua e não viveram com seus semelhantes dos outros lados do mundo.
Para terminar: alguns anos depois dessa da viagem inicial ao Canadá – em 1998, eu participei da instalação da filial Foster Wheeler no Brasil, e hoje tenho minha própria empresa, sempre com muitos contatos internacionais, e o inglês continua sendo fundamental para o sucesso. Espero que daqui a 35 anos a Walkíria consiga depoimentos dos que aprenderam chinês em algum CCBChina – Tupã.

Engenheiro Mecânico
Aluno CCBEU de 1972 a 1974